Gabinete da Colecionadora

:Preâmbulo:

Em algum lugar da cidade, um pequeno gabinete acolhe o cotidiano de uma mulher artista que coleciona objetos, afetos e lembranças. Um telégrafo antigo guarda uma mensagem nunca foi enviada, pássaros empalhados eternizam o último movimento em vida, antigas lupas exploram a parte invisível das memórias, slides são projetados na parede para conectar o olhar de que os vê e de quem os viu, pedras brutas dialogam com pedras lapidadas disputando entre si a razão de ser ou não ser joia. A colecionadora está parada olhando a vida dos objetos do gabinete.  Ela rememora o passado e pensa sozinha: “O único e verdadeiro paraíso é o paraíso perdido”¹

:Dedicatória:

Esse projeto é dedicado ao acervo do Colégio Arnaldo e a todos amantes da cultura e da história. A primeira coisa que me impactou durante a visita ao espaço da mostra de 2021 foi o excesso de cultura, refinamento e qualidade do acervo de física, química, ciências naturais do colégio. Assim como nossas memórias, conhecer essa coleção, foi uma experiência deslumbrante, porém angustiante. A primeira me presenteou com o suprassumo histórico e afetivo, a segunda me revelou um tempo que não volta mais.

:Sobre o projeto:

O ponto de tensão entre memória e contemporaneidade é ponto de partida deste projeto. Um espaço que opera como refúgio introspectivo da personagem que lhe utiliza é na verdade um misto entre sala de estar contemporânea e o gabinete de curiosidades do século XVII. A cor escolhida, o azul, pretende apreender a nobreza de um tempo (áureo) que não existe mais. A cor opera como um elemento calmo e distante. O mobiliário esteticamente diversificado instiga o diálogo de diferentes formas de pensar. A estante abriga a maior parte do acervo da personagem. Ela não possui teto e suas peças se desenvolvem soltas e simbolicamente desintegradas rumo ao teto fazendo uma alusão a impermanência da matéria. O tapete preto e branco é inserido como elemento de quebra da vibração introspectiva do espaço, convocando a memória ao diálogo com os tempos atuais. A iluminação é cênica e dramática não nos deixa esquecer o espetáculo da sociedade em que vive a sociedade.

:Citações:

1 In Proust, Marcel – Em busca do tempo perdido

:Parceiros:

Barão Films
Berneck
Botteh Tapetes
Brasil Criações
Colégio Arnaldo (Acervo de objetos de época)
Iluminar
Orné Objetos
Líder Interiores
Flavia Vaz
Escritório de Arte Marcela Bartolomeu
Kazza e Ravello Decorações
Varejão das Tintas + Sherwin Williams

Luciana Garcia Arquitetura

Luciana Garcia Arquitetura

Luciana Garcia Arquiteta e urbanista (EA-UFMG) e mestre em artes visuais (EBA-UFMG). Em 2008, recebeu o prêmio de melhor projeto de arquitetura de interiores pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG) junto a Marcelo Alvarenga. Em 2012, foi agraciada com o Prêmio da Lei de Incentivo Municipal da Cultura para a categoria de Projeto de Exposição de Arte, através do qual realizou a exposição “O Estado do Real”. Seu trabalho flerta com o universo da arte, resultando em montagens que dialogam com literatura, cinema, teatro, música e artes visuais. Participou da última edição do Modernos Eternos no projeto "Nano House" em que trabalhou o "morar" contemporâneo! Atualmente, vive e trabalha em Belo Horizonte.
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