Anos após concluir a construção da casa Pouso Geométrico, o arquiteto e urbanista William Ramos Abdalla descobriu possibilidades diversas a serem exploradas no espaço. Os pilotis, por exemplo, que abrigam uma grande área adjacente à piscina, recebeu vários esboços de intervenções do próprio arquiteto ao longo dos anos. É justamente dessas descobertas que nasce o projeto Lounge Sota.
Ao decodificar uma das versões realizadas por Abdalla, em 2017, o trio expande os limites do ambiente original, agregando jardins e integrando aos outros espaços dos pilotis. Explorando ao máximo as potencialidades do ambiente e respeitando as características da residência, não houve supressão de elementos originais da casa, e sim, um twist contemporâneo de tais atributos.
A imponente laje em grelha se decompõe em novos elementos – a escultura tridimensional e fluida de Ascânio MMM, e o coroamento do bar, uma versão redux da malha da laje, bem como os volumes principais de serviços com seus belos painéis de Paulo Laender, e o bloco de escada em concreto canelado, que foram destacados pelo jardim tropical.
Produzidos pelo Ateliê 40, os grandes painéis em aço, couro e vidro, ora pivotantes ora fixos, permitem a integração do espaço com o exterior da casa, além de remeter a um jogo com a visão do visitante, uma vez que esconde e revela certos elementos da paisagem. Os mesmos painéis, com seu caráter escultórico, abrigam a site-specific de Juliana Sícoli, que além de trazer cor para o setor mais intimista do espaço, instiga a curiosidade do visitante com seu movimento e mixagens cromáticas.
A curadoria de mobiliário e objetos é outro ponto chave do projeto. A explosão de cores e formas dos tapetes Flora e Turca da Botteh Handmade Rugs dinamizam e dão movimento ao espaço, servindo de base para leveza das cadeiras Cesca, mesas Lena, poltronas Presidencial e Banqueta Gávea, ambas de Zalszulpin para Etel que contrapõem ao volume monolítico do sofá Oreo e das mesas Carico, todas do acervo São Romão.
Signos importantes para a reinterpretação da história da Casa e sua relação do Arquiteto para com os moradores, as esculturas de Jorge dos Anjos e Marcos Benjamim, junto às peças de arte Brasileira do SEBRAE remetem a momentos pontuais e pequenos elementos da vida desses personagens. O dinamismo surrealista fica por conta das peças lúdicas da Abatjour de Arte, com as luminárias Tress, Orbital e Campari.
Por fim, as águas do rio São Francisco que margeiam Pirapora, cidade de origem do arquiteto e sua família, se materializam na grande mesa Flume, de desenho do trio com tampo em Quartzito Mar del Plata pela Galeria Petra, que junto à obra Qualas 14 encena quase que um espetáculo estático: a grande rede ao ponto de ser lançada sobre as águas.